O Rio Grande do Sul colocou a educação profissional na estrada. As Carretas do Saber começam a redesenhar o mapa das oportunidades e, como alerta Sossella, esta é apenas a primeira etapa de uma política pública que pretende chegar onde o Estado historicamente não consegue.

Nesta terça-feira, (02), junto ao governador Eduardo Leite, Sossella e representantes da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul anunciaram oficialmente o início da operação do maior programa itinerante de educação profissional já criado pelo Estado.

A iniciativa nasce de um convênio firmado entre o governo, por meio da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Profissional, e o Senai, integrante do Sistema Fiergs. O acordo, assinado em 21 de janeiro deste ano no Palácio Piratini, prevê investimento total de 56,1 milhões de reais, sendo 26,5 milhões do Tesouro Estadual, 1,5 milhão de emenda federal do senador Hamilton Mourão e 28,1 milhões do Senai. O convênio terá duração inicial de cinco anos.

Idealizado e coordenado pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Profissional, o projeto foi conduzido por Sossella, que destacou desde o início que a prioridade seria atender gaúchos que vivem longe dos grandes centros urbanos. Moradores de municípios como Alto Alegre e Tupanci do Sul, sem escolas técnicas e distantes de qualquer oferta pública de qualificação, começarão a receber as carretas já no próximo ano.

Com a nova fase do programa, o Estado retoma a agenda de qualificação e empregabilidade, essencial em um momento em que a reconstrução regional exige mão de obra preparada. A continuidade dos investimentos reforça a opção por políticas de longo prazo, descentralizadas e articuladas às demandas reais do mercado, tanto na recuperação de postos de trabalho perdidos após as enchentes quanto para quem busca ascender profissionalmente por meio de iniciativas como as Carretas do Saber, o MEI Calamidades e o RS Qualificação.

A estrutura montada para levar educação profissional até onde as pessoas estão inclui 11 unidades móveis, sendo sete adquiridas pelo governo e quatro cedidas pelo Senai. O programa percorrerá 131 municípios, muitos deles sem acesso asfáltico e sem qualquer oferta pública de formação técnica. Entre os habilitados, 16 não possuem ligação asfáltica, 129 não têm escolas de formação profissional e 35 jamais receberam programas estaduais de qualificação.

Para Sossella, a proposta concretiza uma ideia defendida por ele há anos: se o aluno não consegue chegar à escola, a escola deve chegar até o aluno. Ele lembra que também fez Senai e que a formação foi decisiva em sua trajetória profissional. A expectativa é que o mesmo efeito ocorra com os futuros estudantes das carretas. Com qualificação, diz ele, é possível mudar o rumo da vida.

O programa prevê alcançar até 12 mil pessoas qualificadas, podendo chegar a 18.210 com aditivo.
Ao todo, 413 municípios devem receber as carretas, com possibilidade de ampliação para 607. Haverá 30 alunos por cidade, divididos em duas turmas. A projeção é formar até 450 estudantes em 2025 e 3.480 até o fim de 2026. Metade das vagas será destinada a mulheres. O projeto também prioriza desempregados, trabalhadores informais, pessoas subocupadas e jovens em busca do primeiro emprego.

As 11 carretas atuarão em áreas distintas: energia fotovoltaica, automação industrial, couro e calçado, usinagem CNC, alimentos, mecanização agrícola, construção civil, mecânica automotiva, refrigeração, energias renováveis e soldagem.

A iniciativa é estratégica porque fortalece o capital humano, reduz desigualdades regionais e oferece resposta rápida a demandas emergenciais, como as decorrentes da enchente histórica deste ano. Uma força de trabalho mais qualificada aumenta produtividade, competitividade e atrai investimentos, elementos centrais para o desenvolvimento sustentável do Rio Grande do Sul.

Sossella, que já foi prefeito e deputado estadual, traz para o programa a experiência acumulada em políticas públicas ligadas à capacitação, emprego e desenvolvimento regional.
Sua atuação é vista como determinante para que o governo estruturasse uma proposta capaz de mirar não apenas o desemprego imediato, mas a formação de um novo perfil profissional alinhado ao futuro do trabalho no Estado.